Segundo ano de pandemia, 2021 começou com a expectativa de retomada das aulas presenciais, mas, infelizmente, a onda mais forte de Covid-19 chegou ao país em março e abril e as escolas permaneceram fechadas, com atividades remotas, na maior parte dos dias letivos.
Os impactos da pandemia na aprendizagem apareceram na série de pesquisas “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, encomendada por Fundação Lemann, BID e Itaú Social ao Datafolha. A pesquisa identificou que 40% dos estudantes de 6 a 18 anos não estavam evoluindo na aprendizagem, mostravam desmotivação e admitiam a possibilidade de abandonar os estudos.
Para reduzir impactos do fechamento de escolas, Fundação Lemann, Instituto Natura e Vozes da Educação apoiaram 10 estados na consolidação de protocolos sanitários e estratégias de busca ativa. Também foi lançado um documento sobre recomposição de aprendizagens, combate à evasão e acolhimento socioemocional.
Além disso, a queda na aprendizagem nas redes parceiras da Fundação Lemann foi 2,5 vezes menor do que no restante do país. O resultado representa os esforços realizados pela Associação Bem Comum, coordenadora do Educar pra Valer e da PARC, e pelo Instituto Gesto, implementador do Formar. Juntas, as redes impactam mais de 2,8 milhões de estudantes.
Ao longo do ano, as Secretarias de Educação participantes dos programas PARC, Educar pra Valer e Formar trabalharam pela aprendizagem, incluindo discussões fundamentais como a da perspectiva racial nas desigualdades. Assim, três passos-chave foram consolidados para auxiliar a ação das redes:
Mapeou o nível de letramento racial e engajamento das lideranças com o tema nas 37 redes de ensino ouvidas. A pesquisa indicou que, mesmo abertas para trabalhar o tema, a maior parte dessas lideranças ainda não se sente preparada para implementar práticas antirracistas.
As equipes não se sentiam confortáveis para falar abertamente sobre raça, por isso duas oficinas on-line abordaram racismo estrutural e histórico, bullying, preconceito, empoderamento, lugar de fala e legislação.
Para suprir a carência de referências nacionais sobre o assunto, a organização parceira Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) elaborou um guia para quem deseja implementar um diagnóstico de equidade racial.
Uma criança negra pode ter que enfrentar um ambiente hostil. Se os professores não esperam que você seja capaz de aprender da mesma maneira que seus colegas com base em sua raça, isso tem consequências devastadoras para a sua autoestima.”![]()
Sonya Douglass Horsford, professora da Universidade Columbia, nos EUA, em entrevista à Folha de S.Paulo
Equidade na educação significa diferenciar o que cada estudante precisa e garantir direitos e oportunidades na medida da sua necessidade. É essa a missão do Centro Lemann de Liderança para Equidade na Educação, inaugurado em 2021 e sediado em Sobral, cidade cearense referência por políticas que valorizam a aprendizagem. A atuação está focada em dois programas: Formação para Lideranças Educacionais e Pesquisa Aplicada.
Na região Norte, a preservação da biodiversidade amazônica e os direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais impulsionaram o Instituto Gesto a criar, em parceria com a Climate and Land Use Alliance (CLUA), o programa Plantar Educação. A iniciativa é focada em apoiar redes municipais de educação nas gestões pedagógica e administrativa, e promover o tema de educação para sustentabilidade por meio de iniciativas de geração de emprego e renda baseadas na preservação da floresta.
O que queremos com o Centro Lemann é romper com a naturalização do fracasso e criar altas expectativas em relação à aprendizagem de todos e de cada estudante.”![]()
Anna Penido, diretora executiva do Centro Lemann de Sobral
Acreditamos que políticas de qualidade empoderam as populações locais para promoverem meios de vida sustentáveis a partir de suas próprias culturas e experiências.”![]()
Kátia Schweickardt, idealizadora do programa Plantar e especialista do Instituto Gesto
No Brasil, o acesso à experiência de fluência em uma segunda língua é também atravessado pelas desigualdades, sendo privilégio de poucos. Com o Skills for Prosperity, o governo britânico, em consórcio com a Fundação Lemann, a Associação Nova Escola, o Instituto Reúna e o British Council, impactou diretamente mais de 20 mil professores no ensino da língua inglesa. Em 2021, o programa distribuiu 1,8 milhão de livros didáticos para estudantes e professores; produziu guias para os Ensinos Fundamental e Médio e lançou o curso on-line Language Improvement for Teachers (LIFT).
Não é tão simples colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem: é preciso adotar novas práticas. Por isso, a Fundação Lemann financia e orienta programas que apoiam secretarias e escolas a implementar estratégias de prevenção e redução de defasagens em Língua Portuguesa e Matemática e a adotar a aprendizagem criativa (veja ao lado). Para ampliar os resultados da atuação da Fundação Lemann, focados em tecnologia e na transformação digital, foi criado o Laboratório de Inovação.
Com o objetivo de prevenir e reduzir as defasagens de aprendizado em Língua Portuguesa e Matemática, soluções pedagógicas e digitais de edtechs serão implementadas nas escolas municipais e acompanhadas em comunidades de prática para o aperfeiçoamento contínuo.
É uma estratégia de investimento que atua em quatro frentes de inovação. Entre suas iniciativas estão o AprendiZAP, plataforma de engajamento e aprendizagem via WhatsApp, e o Centro de Formação em STEAM, para professores das áreas de ciências e tecnologias, uma parceria entre o Transformative Learning Technologies Lab, do Teachers College e da Universidade Columbia, e o Instituto Singularidades.
É um programa em parceria entre Fundação Lemann e LEGO Foundation que promove a adoção sistêmica de aprendizagem criativa em escala nas redes de ensino públicas. Em 2021, selecionou nove redes municipais e uma estadual, alcançando 75 escolas, 22 mil alunos e 1.500 professores dos anos iniciais.